2 de julho de 2007

Um pouco de Céu

Algures em Roma, um quarto onde o silêncio existente é apenas substituído pelo som da chuva na janela. Ela está sentada, olhando pela janela a cidade que lentamente se afunda na escuridão. Um olhar vazio, à procura de um pensamento que justifique o porquê de ter fugido....do seu isolamento, longe de tudo e todos...
Foi então que um bater na porta a fez sobressaltar e voltar à realidade... Levantou-se deslocando-se penosamente até à porta, abriu-a deparando-se com um vulto, acabando aos poucos por conseguir percepcionar um rosto encharcado da chuva, um rosto conhecido...
- Tu?! Disse por fim ela.
O silêncio que se instalou, apenas era cortado pelo som da respiração cansada dele...Parecia que tinha corrido pela própria vida.
- Que fazes aqui?! Voltou a dizer ela admirada pela sua presença.
Ele continuava em silêncio, tentando controlar a respiração, até que por fim murmurou,
- Eu...posso entrar...
- Sim, desculpa...entra... senta-te ali.
Disse indicando a cadeira junto da janela.
- Vou buscar uma toalha.
Ele sentou-se, continuava a tentar normalizar a respiração enquanto olhava em volta, descortinando cada canto daquele quarto. Ela voltou com uma toalha, entregou-a sentando-se de seguida na cama em frente a ele, esperando uma resposta que tardava. Foi então que ela voltou a perguntar-lhe.
- Rafael, que fazes aqui?!
Ele parou de enxugar o cabelo, olhou para ela
- Margarida...eu... (respirou fundo)...eu estou aqui por tua causa!
- Por mim!? Retorquiu admirada
- Sim, desapareces-te sem dizer adeus, sem deixar uma palavra, sem rasto, um zero absoluto...
- Sim mas...
Ele levantou-se da cadeira não a deixando concluir, começou a andar de um lado para o outro calado, como se estivesse a ordenar as suas ideias.
- Espera, deixa-me falar por favor... eu não podia deixar que partisses assim...
Ela olhava-o cada vez mais intrigada.
- Não podia deixar passar mais um dia...sentia-me angustiado, vazio....como podemos nós viver, quando o nosso coração não está connosco.
Ele continuava de um lado para o outro. Ela olhava-o, surpreendida com tudo o que se passava.
- Vim porque não podia passar mais dias sem ti.
Margarida ficou sem reacção, queria dizer qualquer coisa, mas as palavras não saíam. Rafael por fim sentou-se, inclinou-se para ela, olhando-a profundamente nos olhos.
- Margarida, eu estou apaixonado por ti....estou aqui porque quero lutar por ti....quero acreditar que o destino nos voltou a juntar por algum motivo, que não foi só mais uma circunstância da vida, que não foi só do facto de já nos conhecermos anteriormente...quero acreditar que todos os pequenos momentos em que nos fomos descobrindo, que todas as coincidências...não foram isso mesmo, coincidências. Todos os dias em que pensava em ti, pensava na razão de nos voltarmos a cruzar, tentava entender o porquê das coisas.....de não me saíres da cabeça, de te desejar....de invejar todos os outros que despertavam alguma atenção em ti, apenas pelo seu aspecto, e pensava como conseguiria eu lutar contra isso......tentava entender o porquê de sentir mais medo que da própria morte, medo de te perder.....medo de morrer na indiferença do teu olhar! Tudo isto pode ser um esboço da minha loucura, mas...acho que aprendi que nós nos completamos, que eu sou aquilo que mais procuras.....a verdade, a pureza e sinceridade que te faz acreditar e que tu és a minha rocha, a força que me faz ser corajoso e lutar...que me faz estar aqui...que me fez correr atrás de um pouco de esperança...de um pouco de céu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Wow...lindo...nem smp temos coragem de fazer o k o "rafael fez" e deixamos escapar o momento...é um recado para ti...fora isso...tu escreves tão bem...Parabens!

Já experimentas.t ecrever um livro e apresenta-lo em varias editoras?
Pensa nisso...
Continua a postar aki textos como este!

beijinho grande!
^^