8 de abril de 2010

Diary Of a Mad Man

Olá Joana...
Mais um dia que desperta. Mais uma página que te escrevo...repleta de palavras que procuram dar sentido e significado a mais um dia vazio...
Todos os dias têm sido insuportáveis, uns mais que outros. Hoje, sei que vai ser um desses dias....Foi mais uma noite agitada, em que acordei envolto em suor com o teu nome escrito nos meus lábios.
Estes momentos, em que te tenho nos meus sonhos, fazem com que nunca mais queira despertar e enfrentar a Realidade. Como desejo poder para sempre, ficar nesta "zona cinzenta", neste limbo a que chamam Sonho.
Lembro-me perfeitamente...lembro-me de como te observava da ombreira da porta enquanto adormecias o nosso filho, segredando uma canção de embalar... de como chegaste até mim, do abraço trocado e das palavras que murmuraste sorrindo no meu ouvido, "Tenho orgulho em nós...e no nosso pequeno tesouro". Lembro-me do beijo longo, de me pegares a mão e de me conduzires até ao quarto... de nos termos consumido por entre as ondas dos lençóis. Do depois. De te observar, deitada sobre o meu peito, de sentir a brisa quente da tua respiração, de como a luz da rua, que entrava pelas frechas do estore, coloria as vertentes do teu corpo nu...mas foi só mais um sonho, mais uma percepção adulterada da Realidade.
Como sinto a falta dos gestos simples...custa-me fechar os olhos e não sentir o toque da tua mão, o carinho dos teus gestos e os teus beijos... as saudades em sentir o cheiro do teu cabelo... de te fazer sorrir ou apenas ouvir-te falar interminavelmente, sem nunca me cansar da tua voz. Mas, confesso que aquilo que mais sinto falta é de simplesmente nos olharmos nos olhos, em silêncio.
De bom grado daria a minha vida... trocaria. Abdicava de tudo para ainda te ter. Mas as probabilidades da Vida, de um deus maior, assim não quiseram.
E assim fiquei eu... um resto, um pedaço de vida ligado à tua ausência, mantendo-a viva através das palavras que escrevo neste diário, preservando a tua memória. Sobrevivendo de pequenos nadas, dos teus traços, que reconheço nas mulheres que passam por mim na rua, do teu perfume que cheiro no ar e que me faz sentir que ainda estas viva, que a tua ausência é meramente temporária. Que estas paginas que escrevo não existem. Que não sofro, não choro...que não pereceste naquele hospital, naquele quarto...naquela cama.
É só mais um dia que nasceu, mais uma página que te escrevo..