Há vários anos que lido com uma condição. Um "Cancro" que me vai
desbastando até aos ossos.
Que me entorpece a mente, que me faz fechar em
mim próprio.
Dias tenho, em que o simples movimento, um passo, andar, é
doloroso, forçando-me a cair de joelhos.
Outros tenho, em que o simples acto de respirar, se torna um
processo impossível. Que cada inspiração faz arder os pulmões, e a cada
expiração me vou esvaziando, perdendo-me sempre mais
Tenho alturas em que sinto o corpo chegar ao limiar, um lento tilintar de cada órgão, como se me fosse desligar, afundar-me, mas que ao mesmo tempo, existe um choque, conflito para ligar o sistema, para manter o corpo à tona da água.
Sinto refúgio na
solidão
Sinto conforto, nesta vida redutora.
Tenho uma condição. Um "Cancro" que dia-a-dia, me
vai sugando cada vez mais.
Dias existem em que apenas me quero voltar a entrincheirar no isolamento de uma cama, fechar os olhos e deixar o tempo passar, mas, tenta-se arranjar uma réstia de força, um desgaste diário que me "obrigar" a levantar, colocar uma máscara, um sorriso, de forma a
esconder todo o vazio que sinto ter.
É o querer me proteger daqueles que me rodeiam, porque não quero que percebam, não quero que se "preocupem", não me quero sentir sem propósito, sem orientação, sem definição.
É o querer me proteger daqueles que me rodeiam, porque não quero que percebam, não quero que se "preocupem", não me quero sentir sem propósito, sem orientação, sem definição.
Sem planos, sem destino.
Sem sabor.
Tenho uma condição. Um "Cancro", que me torna num desassossego
Tenho dias em que me desgasto, em constantes lutas comigo próprio,
entre o pedir ou não ajuda, em que me sinto bloqueado pela humilhação, pela vergonha. Outros tenho, em que ganhei alguma coragem, confiança, falei e
disse que precisava de ajuda, apenas para esbater em indiferença, desconforto e
criticas.
Perdi a confiança,.
Perdi a pouca capacidade de me exprimir, de dizer o que
sinto
Sinto-me um zero.
Um inutilidade
Miserável